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16/05/2024ㅤ Publicado às 13:55

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Desastres naturais ocorrem em todo o mundo, mas tem se intensificado bastante nos últimos anos. Atualmente, o Brasil vivencia uma catástrofe provocada pelas enchentes históricas no Rio Grande do Sul, que tem causado tragédias e prejudicado a vida de milhões de pessoas. Com o aumento de tais eventos, muito tem se discutido sobre as causas e soluções para estes dramas cada vez mais recorrentes.

Especialistas sempre apontam o aquecimento global como uma causa estrutural das mudanças climáticas, que culminam em enchentes ou secas históricas. O mercado da construção civil é um setor que também impacta de grande forma no meio ambiente, gera gases de efeito estufa e interfere de forma considerável na sustentabilidade.

O arquiteto e urbanista Carlos Kaiser, conselheiro do CAU/PI, ressalta que toda ocupação humana em larga escala provoca prejuízos ao meio ambiente. E isso, cobra um preço. Ele ressalta que a ocupação humana é inevitável, então, o que deve ser feito é um planejamento e um trabalho de conscientização para que os prejuízos ambientais sejam cada vez menores, levando em prática a sustentabilidade. No caso da Arquitetura e Urbanismo, Carlos Kaiser explica que isso vai desde a escolha de materiais a serem utilizado nos imóveis, até as técnicas construtivas que podem primar pela sustentabilidade.

 

Planejar cidades resilientes ajuda a enfrentar tragédias

O vice-presidente do CAU/PI, Edmo Campos, ressalta que mais do que projetar casas e prédios, os arquitetos e urbanistas tem a oportunidade de moldar o ambiente em que vivemos, criando cidades mais resilientes, capazes de resistir aos impactos das mudanças climáticas e garantir a segurança e o bem-estar das pessoas. Para ele, a tragédia no Rio Grande do Sul serve como um alerta urgente para a necessidade de repensarmos a forma como planejamos e construímos nossas cidades.

Carlos Kaiser explica que no planejamento de uma cidade, o arquiteto e urbanista é quem organiza o plano diretor, sabe eleger as zonas de riscos, regiões com possibilidade de deslizamento, zonas de encostas, áreas suscetíveis a cheias, e todo esse mapeamento tem que ajudar na correção e na prevenção de desastres. “Quando falamos de prevenção, estamos lembrando de áreas que não são edificáveis, áreas perigosas. Quando falamos de resiliência, estamos citando construções mais seguras, com materiais mais resistentes, tudo isso ajuda a enfrentar determinados tipos de desastres”, explicou Kaiser.

Materiais e técnicas sustentáveis de construção

Carlos Kaiser lembra que os materiais e as técnicas construtivas, em sendo sustentáveis, colaboram para minimizar o impacto da ocupação humana no meio ambiente. Ele cita o exemplo dos indígenas, que tinham uma arquitetura totalmente associada aos materiais da área em que as pessoas vivem. “Em Teresina, temos o exemplo da zona norte onde há a cultura das olarias. É possível investir em tecnologias para fabricar nossos materiais, podemos até melhorar a técnica, mas o insumo já temos. A impermeabilização do solo, por exemplo, é outro item a ser observado inclusive pelo poder público, o asfalto comum tem índice de permeabilização de apenas 6%, é muito baixo é possível produzir um asfalto com 505 de permeabilização. Existe tecnologia para isso. Certamente daria um grande alívio para a carga de água da chuva”, explica.

No Piauí, por exemplo, Carlos Kaiser lembra que a cerâmica local tem qualidade, e muitas vezes é trocada pelo porcelanto, material mais nobre, com temperatura de queima maior, exigindo mais energia, mais gás natural, produzido em algumas indústrias que funcionam com GLP. “Você polui muito mais o meio ambiente produzido determinados tipos de materiais, alguns do outro lado do mundo, que vem em embarcações que também poluem. Quanto mais energia você gasta no processo, você promove alterações no microclima das cidades, emite mais gases”, afirma.

A sustentabilidade precisa ser um caminho trilhado na prática

O discurso sobre sustentabilidade é muito presente na propaganda de empresas, profissionais, na educação, na mídia, enfim, em todos os setores.  No entanto, é preciso que a sustentabilidade seja aplicada na prática, o que na Arquitetura e Urbanismo envolve planejamento, estudos, técnicas e principalmente monitoramento de resultados.

Carlos Kaiser lembra que quanto mais a sociedade assimilar tecnologias sustentáveis, mais a população vai estar protegida no futuro. “Estamos alterando o ambiente em que vivemos, essa alteração tem que acontecer de forma a diminuir os danos que a gente provoca.  Tudo isso tem um preço. Ir para o caminho da sustentabilidade, mitigar os efeitos da nossa própria atuação é necessário”, pontua.

O especialista lembra que alterar modificações, situações de equilíbrio ecológico, tudo isso traz consequências, e que uma ocupação minimamente invasiva aliada a planos para enfrentar grandes chuvas e secas severas, terremotos, queimadas, diminui o sofrimento e  salva vidas.

 

Teresina sedia 2ª Conferência do Clima de Teresina 

A capital piauiense sedia de 27 a 29 de maio a 2ª Conferência do Clima de Teresina. O evento marca a busca por transformar Teresina novamente em uma cidade verde.  Para alcançar a proposta de uma cidade mais verde e sustentável, o prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, assinou a Declaração das Cidades Circulares da América Latina e do Caribe, ao lado do Secretário Executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo. O compromisso voluntário propõe um modelo econômico sustentável, no qual a infraestrutura urbana, os produtos e os insumos são mantidos em uso pelo maior tempo possível, gerando valor para a sociedade e reduzindo o impacto ambiental.

O documento é vinculado à  Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), da Organização das Nações Unidas (ONU), e ao ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade.

O CAU/PI não participou do evento e pede desculpas a organização pela ausência.

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