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15/08/2024ㅤ Publicado às 16:29

Teresina completa os 172 anos nesta sexta-feira, 16 de agosto, e o CAU/PI perguntou a dois profissionais renomados da Arquitetura e Urbanismo “qual o papel que o centro de Teresina precisa desempenhar no futuro da cidade?”

Ângela Braz, doutora em desenvolvimento urbano e Anderson Mourão, consultor em planejamento urbano e sustentabilidade, pontuaram sobre a situação que contribuiu para que a situação do centro chegasse a atual, e apontaram soluções para tornar a região como objeto de forte desejabilidade social.

 

Qual o papel que o centro precisa desempenhar no futuro da cidade?

Arquiteta Angela Napoleão Braz
Prof. Dr. em Arquitetura e Urbanismo
Consultor Técnico em Desenvolvimento Urbano

A deterioração do centro da cidade tem sido discutida desde a década de 2000. Soluções para o seu declínio são específicas, surgem em relação à problema peculiar como, por exemplo, a abertura de estabelecimentos comerciais aos domingos,
abandono de imóveis ou demolição repentina de imóveis tombados. É evidente nestas soluções que a questão econômica é a principal preocupação.

A imprensa informa regularmente sobre as dificuldades sentidas no centro da cidade, dentre eles a mais recente é a insegurança. Resolver este problema é fácil: basta melhorar a atratividade da região cidades através de um programa de renovação habitacional, além da empresarial e de manutenção ou instalação de equipamentos essenciais à atividade local, mesmo que seja preciso introduzir disposições legais que favoreçam a reabilitação do património disponível no centro da cidade em comparação com novas construções.

Isto é tarefa para o planejamento urbano. Inclui apoiar a definição de perímetro de centralidade no plano diretor de forma a permitir o estabelecimento de regras que protejam o investimento no coração da cidade, a permitir a renovação urbana na área
facilitando as operações de desconstrução-reconstrução, a incentivar instalações comerciais em lotes vagos e em pavimentos térreos de edifícios através de vários mecanismos (tributação, financiamento, procedimentos, etc.), alargar o processo de
reflexão dos proprietários de estabelecimentos para uma ação real em matéria de rendas e modernização dos seus espaços privados, facilitar a cobertura digital, o acesso Wi-Fi gratuito e quem sabe, apoiar financeiramente a criação de coworking,
fab-lab, e-learning, etc., atividades que tiram pleno partido das possibilidades digitais, além de, obviamente, criar estratégias para melhorar a mobilidade urbana na área.

Estas metas de planejamento têm como objetivos: o retorno da moradia à região, a criação de um mercado consumidor ligado à condição econômica dos residentes ou pessoas empregadas no local.

Trata-se de uma política de revitalização da área que passa por uma renovação dos edifícios visando aumentar a população residente no centro da cidade, bem como o nível de vida médio destes habitantes; que passa também pela criação de estratégias
para impedir a fuga de instalações e serviços do centro da cidade e o desvio lógico dos consumidores e residentes deste centro. É preciso aumentar o volume de negócios no centro e, consequentemente, diminuir a vontade de se abandonar a área,
nem que para isso seja preciso trabalhar na escala microeconómica e flexibilizar as disposições regulamentares relativas às áreas protegidas e às zonas de proteção do patrimônio arquitetônico, urbano e paisagístico.

Caso o planejamento urbano não seja executado, ceder-se-á ao rebaixamento do centro em termos de valoração econômica e de atratividade, ao aumento da taxa de desemprego na área e da taxa de vacância habitacional, e a consequente involução demográfica da população. Tais malefícios transformará o Centro em apenas um espaço sem som, sem vida. Um não lugar, um espaço sem função e portanto, um espaço abstrato que do ponto de vista da economia urbana é impensável.

Entretanto o Centro tem jeito e pode voltar a exercer um importante papel. É meu desejo que, no futuro, o bairro Centro assegure a continuidade histórica da cidade, que volte a ser objeto de forte desejabilidade social para que possa continuar representando a organização perceptiva da cidade de Teresina. Ele tem tudo para exercer esse papel, só falta vontade política porque bons urbanistas a cidade tem.

Teresina, 13 de agosto de 2024.

 

Anderson Mourão

Arquiteto e Urbanista e Consultor em planejamento urbano e sustentabilidade

 

O papel do centro para o futuro da cidade é de adensar e aterrar os fluxos e sentimentos da população.

As cidades iniciaram com choques de cultura e integração no centro, o que provocou a criação da identidade do lugar, da identidade de cada cidade. A partir daí, com o aumento da população e os movimentos econômicos e espaciais nos anos seguintes, a malha urbana foi criando nova configuração e o afastamento do centro também foi responsável pela perda gradual de identidade, de cultura, das pessoas.
Somamos a isso a falta de infraestrutura de serviços, abastecimento e moradia que não conseguiu acompanhar o crescimento da cidade, que não conseguiu coexistir com qualidade, provocando consequentemente uma inviabilidade econômica, social e ambiental para as pessoas.

Assim, incentivar a ocupação e a vida no centro da cidade é fundamental para adensar a população aonde já existe infraestrutura para que seu estilo de vida seja mais econômico, bem como aterrar essa mesma população às suas origens, à cultura que lhe trouxe identidade, visando provocar um maior cuidado com a cidade e maior pertencimento.

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